Uma pesquisa de base populacional, a partir de inquérito domiciliar, está sendo
desenvolvida pela UFC com o objetivo estimar a prevalência de tracoma em áreas rurais do estado do Ceará. O projeto ‘Cenário Epidemiológico do Tracoma no estado do Ceará’ vem sendo coordenado pela doutoranda Adjoane Maurício Silva Maciel, do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade Federal do Ceará (PPGSP-UFC), sob orientação dos professores Dr. Roberto da Justa Pires Neto e Dr. Alberto Novaes Ramos Jr.
A região do estado sob investigação envolve áreas supostamente endêmicas para tracoma na Microrregião Baixo Jaguaribe. O inquérito, iniciado em 2021, foi aprovado em comitê de ética em pesquisa e tem seguido os parâmetros do Projeto de Mapeamento Global do Tracoma recomendados pela Organização Mundial da Saúde.
Até o momento, foram pesquisados 900 domicílios nos municípios de Tabuleiro do Norte, Quixeré, Palhano, Russas e Morada Nova, com a realização da avaliação de 2.309 pessoas por meio de exame ocular externo com foco na detecção do tracoma.
Além disso, verifica-se a circulação de Clamydia trachomatis entre crianças de 1 a 9 anos de idade, a partir da coleta de amostra ocular via swab da conjuntiva tarsal superior com kit validado para tracoma para análise por meio de reação em cadeia da polimerase (qPCR). As amostras ainda estão sendo processadas, juntamente com a consolidação de dados clínico-epidemiológicos. Os resultados poderão possibilitar melhor planejamento, monitoramento e avaliação de recomendações que fortaleçam ações de vigilância e controle da doença no estado do Ceará.
A ocorrência de conjuntivite folicular em crianças menores de 10 anos de idade é um forte indicador de manutenção da transmissão do tracoma, uma doença tropical negligenciada (DTN) que ainda se mantém como a principal causa infecciosa de cegueira e crítico problema de saúde pública em 43 países no mundo.
No Brasil, a doença segue como evento de interesse nacional sob vigilância e em processo de monitoramento e avaliação por estudos epidemiológicos para alcance da eliminação da doença como problema de saúde pública. Essa meta está contida no novo roteiro para agenda 2021–2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o que reforça a importância desse estudo.
Este projeto estratégico tem sido viabilizado através de uma ampla parceria envolvendo a Secretaria de Estado da Saúde do Ceará (SESA-CE), a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) e o Instituto Evandro Chagas (IEC), Belém-PA. Fazem parte das ações pesquisadores e estudantes do Grupo de Estudos e Ações em Doenças Infecciosas – GEADI e do Grupo de Pesquisas Clínico-Epidemiológicas, Operacionais e de Implementação em Doenças Tropicais Negligenciadas – IntegraDTN, do PPGSP/UFC, vinculados ao CNPq.
Adjoane Maurício é bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) e conta também com apoio do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), vinculado ao PPGSP-UFC. O projeto conta ainda com a participação de Vivian da Silva Gomes, assessora técnica da SESA-CE, também doutoranda do PPGSP/UFC, além dos estudantes de graduação Manuella Mauricio Silva Maciel e Antônio Lucas Delerino, bolsistas do PIBIC/CNPq.
Fonte: Adjoane Mauricio Silva Maciel (Doutoranda do PPGSP-UFC)