Histórico

Os movimentos e os antecedentes institucionais do  Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade Federal do Ceará (PPGSP/UFC) são remotos e coincidem com o próprio movimento de constituição do campo da Saúde Coletiva no país, e especificamente no Ceará. 

Em 1959, criou-se o Instituto de Medicina Preventiva (IMEP) com o objetivo de desenvolver o ensino e a pesquisa em Medicina Preventiva, Saúde Pública e disciplinas afins nos cursos de graduação em saúde da UFC. No final da década de 1960, no auge de suas atividades na Saúde Pública, o IMEP foi desarticulado, como consequência da intervenção autoritária do regime político que se estabelecera sobre o país, e seu quadro docente perseguido, exilado ou dispersado. Porém, os atores e as práticas constituídas em seus contornos permitiram a continuidade de um projeto ainda mais amplo de reorientação da política, da atenção e do ensino à saúde.

A partir de 1972, com a Reforma Universitária, o Departamento de Saúde Comunitária da UFC (DSC/UFC) incorporou os remanescentes do IMEP e do Departamento de Medicina Preventiva, juntamente com docentes que atuavam na área de Pediatria, Ginecologia-Obstetrícia e Doenças Infecciosas e Parasitárias. 

Desperta para as mudanças almejadas para o país, consubstanciada pela Carta Magna de 1988, a UFC assumiu protagonismo na discussão sobre as questões de saúde da população cearense. Uma primeira inovação foi criar o Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (NESC), que até hoje é referência estadual em pesquisas e na formação de gestores e trabalhadores em Saúde Coletiva, bem como na assessoria às secretarias de Saúde do Estado e dos municípios cearenses.

Em diálogo com outros atores que fomentam a constituição e o desenvolvimento do campo da Saúde Coletiva em outras instituições brasileiras, um grupo de professores vinculados à UFC elegeu como prioridade institucional a criação de um curso do Mestrado em Saúde Pública. Após a experiência do primeiro o Curso de Especialização em Epidemiologia, em 1993, em parceria com o Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI) do Ministério da Saúde, voltado para professores universitários e profissionais vinculados à rede de serviços de saúde, elaborou-se o projeto institucional-pedagógico do Mestrado em Saúde Pública da UFC.

Iniciado em 1994, o mestrado da UFC foi um dos primeiros da região Nordeste do país na área da Saúde Coletiva, posterior somente ao pioneiro existente na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Aqui merece menção a participação da Profa. Maria Zélia Rouquayrol, que havia participado da experiência do IMEP e já se destacava como epidemiologista de referência no cenário nacional. Também é preciso apontar a chegada à UFC do Prof. Ricardo José Soares Pontes e da Profa. Lígia Regina Franco Sansigolo Kerr ainda no início da década de 1990, ambos com doutorado recém-concluído no Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. Depois deles, outros professores se somaram, dentre os quais a Profa. Raquel Maria Rigotto (1994) e a Profa. Maria Lucia Magalhães Bosi (2005), que faziam parte do quadro de docentes da Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Federal do Rio de Janeiro, respectivamente.

Quando criado, o PPGSP/UFC estava fundamentado no núcleo disciplinar da Epidemiologia com área de concentração única. No entanto, a partir de suas linhas e projetos de pesquisa, demarcou-se ainda em seu início o compromisso com outras perspectivas disciplinares do campo da Saúde Coletiva: Epidemiologia das doenças transmissíveis e não transmissíveis; Estudos de epidemias e Infecção hospitalar; Trabalho, produção e saúde (incluindo Saúde do trabalhador); Saúde materno-infantil e do adolescente; Ciências Humanas e Sociais em Saúde; Políticas de saúde e Organização e avaliação de serviços de saúde.

Em 2009, foi implantado o primeiro Doutorado em Saúde Coletiva do Estado do Ceará – o Programa de Doutorado em Saúde Coletiva com Associação Ampla de IES – um projeto pioneiro, iniciado com a participação da UFC e da Universidade Estadual do Ceará (UECE), com posterior ingresso (2011) da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). A modalidade Associação Ampla constituiu opção inovadora e estratégica criada pela CAPES para induzir a união de instituições universitárias distintas, no objetivo de implementação e consolidação interinstitucional da pós-graduação, até que cada Universidade participante acumulasse experiência suficiente e meios objetivos para a sustentabilidade de seus próprios programas. 

A maioria do corpo docente do Mestrado em Saúde Pública da UFC passou a fazer parte do Doutorado em Saúde Coletiva em Associação Ampla juntamente com professores indicados pelas demais instituições que compunham a referida parceria. 

Por meio de seu quadro docente de orientadores, a UFC apresentou expressiva e qualificada participação no Doutorado em Associação Ampla, com um total de treze (13) orientadores docentes pertencentes aos quadros da instituição. Destaca-se que no período de 2008 a 2012, 64 de discentes do Doutorado em Associação estavam vinculados a orientadores da UFC, todos também integrados ao Mestrado em Saúde Pública da UFC, evidenciando o compromisso e desempenho de seu corpo docente como instituição âncora da Associação. Legitimando essa experiência, o Prêmio Tese da CAPES em 2016 foi outorgado ao doutorando Francisco Rogerlândio Martins de Melo com a Tese: “Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011: Magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados”. A tese teve a orientação do Prof. Jorg Heukelbach em parceria com o Prof. Alberto Novaes Ramos Jr, ambos docentes permanentes do PPGSP/UFC.

Também foi no PPGSP/UFC que se alocaram as primeiras bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ, na área da Saúde Coletiva) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tanto PQ nível 2 como PQ nível 1 no estado do Ceará.

Com acúmulo de expertise, capital científico e aprendizagens institucionais, o coletivo do PPGSP da UFC tem assumido o papel fundamental de liderar um curso de mestrado e doutorado. Isso acontece sem perder o diálogo, a solidariedade, a colaboração interinstitucional e o compromisso social apreendidos em sua trajetória.

Histórico de Avaliações da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES) do Brasil

O PPGSP/UFC é o primeiro (e único até o momento) a obter o conceito de excelência nacional (Conceito 5) no contexto da Saúde Coletiva cearense, após a última avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES (2013-2016).

Conceito CAPES do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da UFC:

Período de Avaliação: . . . . . Conceito:

2017-2020 . . . . . . . . . . . . . . em avaliação

2013-2016 . . . . . . . . . . . . . . 5 (Muito bom)

2010-2012 . . . . . . . . . . . . . . 4 (Bom)

2007-2009 . . . . . . . . . . . . . . 4 (Bom)

2004-2006 . . . . . . . . . . . . . . 4 (Bom)

2001-2003 . . . . . . . . . . . . . . 3 (Regular)